Potencial terapêutico da Cannabis medicinal no tratamento e alívio dos sintomas de doenças raras

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O último dia do mês de fevereiro foi instituído como o Dia Mundial das Doenças Raras. Criada em 2008 pela Organização Europeia de Doenças Raras (Eurordis), a data tem como objetivo sensibilizar governantes, profissionais de saúde e população sobre a existência e os cuidados com essas enfermidades.

Nos últimos anos, houve um exponencial aumento no interesse da comunidade científica quanto ao potencial terapêutico dos canabinoides no tratamento destas patologias e seus sintomas.

Confira abaixo algumas das doenças que, de acordo com pesquisas, podem ser tratadas com Cannabis medicinal.

Doença de Crohn
O SEC regula a função gastrointestinal por meio de seus efeitos nas secreções gástricas, na sinalização do intestino-cérebro, na motilidade intestinal e no microbioma intestinal e influencia significativamente a inflamação intestinal.

O estudo “Cannabinoid Receptor-2 Ameliorates Inflammation in Murine Model of Crohn’s Disease” publicado em 2017 por pesquisadores norte-americanos aponta que o Sistema Endocanabinoide (SEC) exerce um papel importante na regulação da função gastrointestinal por meio da modulação de diferentes processos fisiológicos, como as secreções gástricas, a sinalização do intestino-cérebro, a motilidade intestinal e o microbioma intestinal.

Além disso, o SEC também pode influenciar a inflamação intestinal, sendo um alvo potencial para o tratamento de distúrbios intestinais, como a doença inflamatória intestinal (DII), o que inclui a Doença de Crohn.

Os canabinoides podem atuar no tratamento e combate à doença de Crohn das seguintes formas:

Mecanismos de ação dos canabinoides:
Ativação de receptores canabinoides no sistema nervoso central e periférico
Modulação de processos fisiológicos e imunológicos envolvidos na DII

Benefícios dos canabinoides para a DII:
– Redução da inflamação intestinal, por meio da inibição de citocinas pró-inflamatórias
– Alívio da dor abdominal e desconforto, por meio da redução da atividade motora intestinal
– Redução da ansiedade e estresse, por meio da ativação de receptores específicos do sistema endocanabinoide no cérebro, como o receptor CB1.

Doença falciforme
O estudo ‘Updated mechanisms underlying sickle cell disease-associated pain”, de 2019, avaliou o potencial terapêutico dos canabinoides para tratar a doença falciforme.

O estudo também teve como objetivo compreender os mecanismos de ação pelos quais os canabinoides podem tratar a doença falciforme. Os resultados sugerem que os canabinoides podem ser eficazes no tratamento da dor crônica associada à doença falciforme e na prevenção de complicações relacionadas à inflamação e à oxidação.

Atualmente, os opioides são a última opção terapêutica para o tratamento da dor associada à DF. E, neste cenário, os canabinoides surgem como uma importante alternativa para o alívio da dor, considerando os baixos índices de efeitos colaterais.

Doença de Huntington
O potencial terapêutico dos canabinoides na doença de Huntington é discutido no estudo “Cannabinoids: Novel Medicines for the Treatment of Huntington’s Disease”.

Os autores revisaram vários estudos que sugerem que os canabinoides podem reduzir alguns dos sintomas motores e psiquiátricos associados à doença, além de terem efeitos neuroprotetores e anti-inflamatórios.

De acordo com a revisão, o potencial dos canabinoides para alívio dos sintomas da DH é corroborado em diferentes modelos experimentais. A Cannabis medicinal tem sido apontada como alternativa para o tratamento de distúrbios neurológicos, devido às suas propriedades analgésicas, antitumorais, anti-inflamatórias e neuroprotetoras.

Esclerose múltipla e Esclerose lateral amiotrófica
Alterações do sistema endocanabinoide (ECS) foram recentemente implicadas em várias condições neuroinflamatórias e neurodegenerativas. Com isso, a modulação farmacológica dos receptores canabinoides (CB) e/ou das enzimas que controlam a síntese, transporte e degradação dessas substâncias emergiu como uma opção valiosa para tratar doenças neurológicas.

De acordo com o estudo “The (Endo)Cannabinoid System in Multiple Sclerosis and Amyotrophic Lateral Sclerosis”, a Esclerose Múltipla (EM) e a Esclerose Lateral Amiotrófica) (ELA) são dois distúrbios patológicos diferentes que afetam o SEC.
As duas doenças envolvem neuroinflamação, ativação microglial, estresse oxidativo e excitotoxicidade. Segundo o estudo, o SEC desempenha um papel na modulação desses processos .

O estudo aponta ainda que o Δ 9 ‐THC pode ser extremamente eficaz na redução do dano oxidativo e pode ser anti‐excitotóxico. Esses mecanismos celulares podem estar por trás do presumido efeito neuroprotetor na ELA.

Na EM, a estimulação dos receptores CB por AEA e 2-AG em tipos celulares distintos resulta em uma série de efeitos potencialmente úteis para contrastar tanto a inflamação quanto a neurodegeneração.

Lúpus eritematoso sistêmico
Apesar de décadas de intensa pesquisa, o tratamento do LES continua sendo um desafio. Corticosteroides, imunossupressores e biológicos fornecem apenas uma melhora parcial da atividade da doença e acúmulo de danos. Assim, a identificação de novos alvos terapêuticos que possam prevenir ou retardar a progressão do LES parecem urgentes.

De acordo com o estudo “Endocannabinoid system in systemic lupus erythematosus: First evidence for a deranged 2-arachidonoylglycerol metabolism” , a desregulação do SEC tem sido descrita em várias doenças reumatológicas e autoimunes. Pesquisas indicam uma possível desregulação do sistema eCB em pacientes com LES, que pode ser avaliado por um comprometimento nos níveis basais de eCB como consequência de flutuações na expressão gênica e/ou protéica, bem como da atividade, de suas enzimas metabólicas e/ou receptores específicos.

Segundo dados da pesquisa, em um teste com pacientes com LES, o 2-AG, mas não o AEA, está claramente aumentado no plasma, falando a favor de um envolvimento distinto dos dois principais eCBs na doença.

Está bem estabelecido que eCBs e moléculas semelhantes a eCBs têm características anti-inflamatórias significativas: eles podem reduzir a migração de leucócitos, a formação de espécies reativas de oxigênio e liberação de citocinas pró-inflamatórias, enquanto aumenta a secreção de IL-10, um anti-inflamatório mediador.

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