Tipos de Cannabis: Uso, Efeitos e Benefícios

Tipos de Cannabis

Confira neste artigo como cada tipo de Cannabis pode ser utilizado no tratamento das mais diversas patologias.

Existem diferentes tipos de Cannabis e eles comprovam a versatilidade da planta e ampliam o seu uso na medicina.

Diante dessa expansão iminente, é fundamental que o mercado esteja informado para compreender de forma mais ampla o que significa introduzir os compostos à base de Cannabis em medicamentos e produtos, como óleos, pomadas e muitas outras apresentações. 

A utilização da Cannabis medicinal aparece no tratamento de diversas enfermidades e com eficácia atestada por uma série de estudos científicos, somente no PubMed.gov há mais de 25 mil pesquisas.

Não por acaso, a planta possui grande valor para a indústria farmacêutica. 

Só no Brasil, estima-se que, nos próximos 3 anos, o mercado de Cannabis deverá movimentar o expressivo volume de quase R$ 5 bilhões

Neste conteúdo, vamos nos aprofundar no que se sabe sobre a planta e suas diferentes subespécies.

Que tipo de planta é a Cannabis?

Assim como no reino animal existem mamíferos, roedores e aves, entre os vegetais, temos formas distintas de classificação. 

No caso da Cannabis, isso significa dizer que ela pertence à ordem das Rosales (plantas com flores), a família é a Cannabaceae (na qual também se encontra o lúpulo, usado na fabricação de cerveja) e o gênero é Cannabis.

Como veremos mais à frente, existem três plantas do gênero Cannabis conhecidas e catalogadas. 

Cada uma delas tem usos singulares, distinguindo-se também pela concentração de substâncias ativas. 

Origens históricas dos principais tipos de Cannabis

O “berço” da Cannabis é o continente asiático. 

Acredita-se que ela venha sendo utilizada por pelo menos 6 mil anos, desde que passou a ser cultivada na imensa região situada entre China, Mongólia e o sudeste da Sibéria. 

No entanto, estima-se que a planta já seja consumida há, pelo menos, 10 mil anos. 

Ou seja, ela nos acompanha desde a Revolução Neolítica, quando o homem deixou o modo de vida nômade para se tornar sedentário e agrícola. 

Vêm desse período remoto os primeiros vestígios do uso da Cannabis com fins medicinais e até espirituais.

Em 1578, o livro chinês Pen-Tsao, considerado o mais completo da história da medicina tradicional chinesa, descreveu o uso milenar da Cannabis como uma planta medicinal, apontada como eficaz no tratamento de dores articulares, gota e malária. 

De qualquer forma, o canabidiol, uma das principais substâncias extraídas da planta e usadas na Medicina moderna, só viria a ser isolado em 1963 pelo químico bulgo-israelense Raphael Mechoulam, o pai da Cannabis Medicinal.

Essa descoberta é considerada um divisor de águas e, depois dela, uma nova era de estudos sobre a Cannabis teve início. 

Foi a partir dali, inclusive, que a ciência descobriria o sistema endocanabinoide, responsável por regular diversas funções – entre elas, o sistema reprodutivo. 

Tipos de Cannabis (subespécies)

Hoje, os principais laboratórios farmacêuticos que se dedicam ao estudo e pesquisa sobre a  Cannabis estão concentrados em três subespécies da planta: Cannabis sativa, Cannabis indica Cannabis ruderalis.

Todas elas possuem o mesmo centro de origem, mas se adaptaram a diferentes regiões do mundo.

Como destacamos antes, a Cannabis é uma das culturas mais antigas cultivadas pelo ser humano.

Com o passar de milênios, diversos tipos de Cannabis foram sendo catalogados pela Biologia. 

Apesar das descobertas, feitas por taxonomistas de diferentes períodos históricos, há quem considere que só exista a espécie Cannabis sativa

É o que explica Rolim, pesquisador da planta e proprietário de uma consultoria agronômica para indústrias de cânhamo industrial e Cannabis medicinal.

“Através do sequenciamento genético nuclear, hoje sabemos que indica ruderalis são subespécies da sativa. Elas possuem um mesmo centro de origem, mas que se adaptaram a diferentes regiões do mundo”, afirma ele. 

Conheça, então, as características da Cannabis sativa e suas subespécies:

Cannabis sativa

Encontrada principalmente em climas quentes e secos, com longos dias de sol, como na África, América Central, Sudeste Asiático e partes ocidentais da Ásia. 

São plantas altas e finas, que levam mais tempo para amadurecer. 

Geralmente apresentam doses mais baixas de CBD e mais altas de THC.

Efeitos da Cannabis sativa

Com maior concentração de THC, tem efeito estimulante e terapêutico reconhecido no tratamento de uma série de doenças, por exemplo:

  • epilepsia;
  • cuidados paliativos, tratamento de náuseas causada por quimioterapia ou medicamentos para HIV / AIDS);
  • estimulação do apetite;
  • enxaqueca;
  • depressão;
  • dor crônica e sintomas semelhantes.

Cannabis indica

Já a Cannabis indica é nativa do Afeganistão, Índia, Paquistão e Turquia e se adaptou ao clima das montanhas Hindu Kush. 

São plantas mais largas e baixas, que crescem mais rápido que a sativa, com níveis mais altos de CBD e menos THC.

Efeitos da Cannabis Indica

Tem alta concentração de canabidiol (CBD), o canabinoide não psicoativo que vem ganhando popularidade e prestígio em função dos seus benefícios. 

Com efeito relaxante, é empregada na abordagem de doenças e condições de saúde variadas, alguns exemplos:

  • insônia;
  • dores de cabeça e musculares;
  • esclerose múltipla;
  • doença de Parkinson;
  • dor crônica;
  • rigidez artrítica e reumática e inchaço;
  • ansiedade e condições relacionadas.

Cannabis ruderalis

Há ainda uma outra subespécie de Cannabis menos abundante, a ruderalis

No entanto, ela não é amplamente utilizada, por não produzir tantos efeitos. 

Ela se adapta a ambientes extremos, como Europa Oriental, regiões do Himalaia na Índia, Sibéria e Rússia. 

Possui pouco THC e quantidades maiores de CBD, mas pode não ser suficiente para produzir efeito medicinal.  

Efeitos da Ruderalis

Cannabis ruderalis é mais rica em canabidiol e produz pouco tetrahidrocanabinol (THC), que também é usado como substância ativa em alguns medicamentos.

Planta de baixa potência, é a menos utilizada para fins medicinais.

Diferenças entre Indica e Sativa

Considerando as diversas possibilidades medicinais da espécie e subespécies de Cannabis, é natural que se questione sobre as diferenças entre os dois tipos mais populares, a sativa e a indica.

A primeira diz respeito à própria anatomia de cada planta, ainda que elas sejam bastante parecidas. 

No caso, uma das diferenças mais notáveis entre uma e outra é o padrão das folhas da indica, com ramos mais finos e espaçados.

Em termos medicinais, em virtude da maior concentração de THC, o tetrahidrocanabinol, credita-se à Cannabis sativa um efeito mais estimulante. 

Em contrapartida, por ter níveis mais altos de CBD, a indica apresenta propriedades relaxantes.

Nos últimos anos, novas pesquisas indicam que, em grandes amostras de cepas de indica e sativa, os níveis de THC e CBD são praticamente os mesmos . No entanto, a mesma pesquisa mostrou que os níveis de terpenos e terpenoides (os elementos responsáveis ​​pelo aroma e sabor, entre outras coisas) variam de cepas de indica a sativa. Acredita-se que os terpenos também afetam o tipo de efeito que a Cannabis pode ter, de sedativo a estimulante.

Juntos, os canabinoides e os terpenos formam um todo maior do que a soma de suas partes. Essa sinergia é conhecida como efeito entourage. A pesquisa sobre o efeito entourage ainda está em seus estágios iniciais. Um estudo de 2019 sugere que é provável que os terpenos e terpenoides atuem sobre as vias cerebrais envolvidas com os efeitos da cannabis , ou talvez afetem a forma como o THC é metabolizado.

O agrônomo Lorenzo Rolim destaca ainda que, apesar das características diferentes das subespécies, não há estudos suficientes que comprovem que cada tipo seja bom para um ou outro sintoma.

“Não temos como dizer que a indica serve para náuseas e que a sativa não funciona. De modo geral, existem usos medicinais, mas não há como afirmar qual espécie trata diretamente determinado sintoma”, diz.

Cânhamo Industrial

Lorenzo Rolin tem pesquisado, nos últimos anos, a Cannabis e o cânhamo industrial, uma variedade da Cannabis ruderalis, com diversos usos industriais.

“O Brasil está deixando de fora algo com muito potencial financeiro para o país, por falta de vontade de política”, pondera.

O cânhamo pode ser utilizado na fabricação de papel, cordas, óleos, alimento animal, resina, cerveja e combustíveis, entre outros.

Tipos de Uso da Cannabis

O uso da Cannabis só não é maior por desconhecimento ou preconceito.

Não estamos falando sobre o consumo recreativo da maconha, que nada tem a ver com a utilização da planta para fins medicinais, no enfrentamento de uma série de doenças.

Além disso, a Cannabis serve como matéria-prima para a fabricação de uma extensa gama de produtos e insumos.

Na sequência, vamos trazer mais detalhes sobre os usos medicinal e comercial da planta.

Uso Medicinal

Amplamente documentado, o uso medicinal da Cannabis vem se mostrando eficaz no tratamento de uma série de condições de saúde.

Ela pode ser empregada de diversas apresentações, podendo ser administrada por mais de uma via. Confira alguns exemplos:

  • Cápsulas de canabidiol 
  • Óleos e tinturas de CBD
  • Produtos de uso tópico (cremes, pomadas, entre outros)
  • Supositórios
  • Vaporizadores.

Vale destacar, no entanto, que nem todos os formatos são comercializados no Brasil.

A Anvisa, em sua Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) Nº 327/2019, que estabeleceu requisitos para a venda de produtos de Cannabis para fins medicinais no país, em farmácias, assim determina:

“Art. 10. Os produtos de Cannabis serão autorizados para utilização apenas por via oral ou nasal.”

Algumas condições médicas enfrentadas são: ansiedade, câncer, diabetes, autismo, doenças reumáticas e endometriose.

Já a grande maioria dos médicos procura prescrever produtos importados full spectrum por somente este tipo de produto poder oferecer ao paciente os efeitos benéficos da Cannabis, de forma completa, o efeito entourage.

Para a importação a Anvisa publico a regulamentação RDC 335, que define os critérios e os procedimentos para a importação de Produto derivado de Cannabis, por pessoa física, para uso próprio, mediante prescrição de profissional legalmente habilitado, para tratamento de saúde.

Uso Comercial

Há, ainda, a utilização da Cannabis para finalidades comerciais das mais variadas, principalmente como cosmético. 

É o caso dos produtos de beleza como óleos, cremes hidratantes, xampus e sabonetes fabricados a partir da planta.

Também é possível produzir itens eficazes no combate à acne e para tratamento de pele e cabelos.

Cannabis Híbridas

Tendo em vista que cada tipo de planta apresenta concentrações distintas de substâncias ativas, foi desenvolvido o cultivo da Cannabis híbrida. 

Assim, temos em apenas uma planta o melhor que cada subespécie tem a oferecer, principalmente considerando aspectos como rendimento e tempo de floração. 

O que são as híbridas?

As híbridas misturam características das Cannabis sativa indica e são hoje as plantas preferidas por boa parte dos que se dedicam ao seu cultivo. 

Afinal, uma híbrida pode crescer tão rápido quanto uma Cannabis indica e ter alto rendimento como uma sativa.

Dependendo da genética escolhida para cultivo, podem servir como fonte de substratos para tratar uma ampla gama de doenças.

Macho de Cannabis

Vale, ainda, prestar atenção ao gênero da planta, já que machos, fêmeas ou hermafroditas se prestam para finalidades distintas. 

No caso da Cannabis macho, ela pode ser identificada por pequenas esferas de pólen na região do caule ou próximos das ramificações.

Cannabis fêmeas

Por sua vez, as fêmeas não apresentam esferas, mas pistilos, que são um tipo de flor em estado embrionário nas mesmas regiões em que os machos têm pequenas esferas.

Cannabis hermafrodita

Já a Cannabis hermafrodita apresenta características de ambos os gêneros e, por isso, é uma manifestação mais rara da planta. 

Em geral, é tratada como macho.

O que são CBD e THC?

Ao longo deste conteúdo você teve contato com as siglas CBD e THC. 

Mas o que elas significam, exatamente? É o que vamos detalhar agora.

CBD

CBD é o acrônimo usado para designar o canabidiol, a substância ativa encontrada na Cannabis e que serve como substrato para fabricação de medicamentos. 

Ao lado do THC, ela é um dentre os cerca de 140 canabinoides já catalogados e estudados pela medicina e a indústria farmacêutica. 

Pode ser usada para tratar de males como depressão, Alzheimer, Parkinson, autismo e até os cuidados paliativos dos tratamentos de câncer.

THC

O tetrahidrocanabinol, o THC, assim como o CBD, interage com o organismo humano em seu sistema endocanabinoide. 

Embora também tenha uso terapêutico, o THC é menos empregado que o CBD, dependendo ainda do tipo de medicamento que se pretenda fabricar.

Conclusão

Você viu neste artigo que a Cannabis é, de fato, uma poderosa aliada no tratamento de doenças e que há diferentes tipos de plantas utilizadas para fins terapêuticos.

Compartilhe este artigo e ajude a difundir a informação e combater o preconceito contra a Cannabis medicinal, que pode melhorar a qualidade de vida de milhares de pacientes brasileiros. 

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